O Parque Natural Vale do Guadiana abrange quase 70 mil hectares, nos concelhos de Mértola e Serpa. Acompanha o rio desde o Pulo do Lobo, a célebre queda de água, até à fronteira entre o Alentejo e o Algarve.
A vila-museu de Mértola encontra-se dentro da área deste Parque Natural.
O vale do Guadiana é um importante corredor para as aves migratórias e um importante habitat para grandes aves de rapina, como a águia-imperial-ibérica, a águia-de-Bonelli, o abutre do Egipto ou o bufo-real, para além das cegonhas comuns e das raras e esquivas cegonhas-negras.
Foi aqui que se iniciou o programa de reintrodução do lince-ibérico em Portugal

Inclui unidades paisagísticas bem diferenciadas:

  • vales encaixados do rio e os seus afluentes, com margens escarpadas
  • elevações quartzíticas das serras de Alcaria e São Barão
  • e uma extensa e agreste planície onde crescem arvenses de sequeiro, montados de azinho e áreas de esteval.

Nas zonas das serras e linhas de água, ambas ainda com pouca intervenção humana, ainda se pode encontrar o chamado matagal mediterrânico, o que mais parecido existe com a vegetação original da região.

Melhor altura para visitar: de outubro a maio, evitando assim os meses de maior calor.

Como chegar:

Mapa do Parque Natural Vale do Guadiana
Mapa do Parque Natural Vale do Guadiana

Acesso a partir de:
Beja — pelo IP2 em direção a Mértola, e depois pela N122 até Mértola;
Castro Verde — pela N123 e, após Alcaria Ruiva, entrar na N122/IC27;
Vila Real de Santo António — siga para norte pela N122/ IC27 até Mértola; ou
Serpa — pela N265 em direção a Mina de São Domingos e Mértola.

Mais informação sobre este Parque Natural

Página do Parque Natural no sítio do ICNF
Mais informação institucional sobre o Parque Natural do Vale do Guadiana
Página do Turismo de Mértola

Flora

As espécies mais características são o tamujo, o loendro e a tamargueira. Nas encostas de maior declive, encontra-se por vezes o zimbro. A flora da área do Parque Natural é também bastante rica em plantas aromáticas e medicinais: alecrim, poejo, rosmaninho, entre outras. A produção de aromas pelas plantas é uma estratégia para evitar a perda de água em dias de calor, que aqui são em bastante número.

Fauna

Quanto à fauna o Guadiana e os afluentes apresentam uma fauna piscícola extremamente variada, destacando-se o saramugo e a boga do Guadiana. É também uma área com grande diversidade de bivalves.
No grupo dos anfíbios, destacam-se pela sua raridade e/ou importância das populações a rã-de-focinho-pontiagudo, o sapo-parteiro-ibérico e o tritão-de-ventre-laranja.

 bufo-real (Bubo bubo), o maior espécie de mochos da atualidade. Uma foto de Joel Santos
bufo-real (Bubo bubo), o maior espécie de mochos da atualidade. Uma foto de Joel Santos

As aves são um dos grupos mais visíveis do Parque Natural. Fazem ninhos nas escarpas que ladeiam os cursos de água, como é o caso da águia de Bonelli, da águia-real e do bufo-real, a maior espécie de mocho da Europa.

Percursos pedestres

PR1 Guadiana, o grande rio do sul

É um percurso de 10 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive suave. O piso é de terra batida. A duração estimada do percurso é de três horas e meia.
Este percurso segue a margem do rio, desde o ‘Poço dos Dois Irmãos’ até à foz da ribeira de Carreiras.
Pontos de interesse:
Antigo convento de São Francisco – Antigo Convento da ordem franciscana, construido no século XVII
Museu de Mértola – com o famoso núcleo da era islâmica
Peneireiro-das-Torres — uma das aves mais ameaçadas do mundo. Durante o período entre fevereiro e julho, Mértola é um bom observatório destas aves, durante a época de nidificação.
Guadiana — rio que nasce na província espanhola de Albacete, com uma extensão em Portugal de 235km

PR2 Os canais do Guadiana

Percurso linear de 3,5 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive moderado. O piso é de terra batida. O tempo do percurso é de uma hora e 10 minutos.
Este percurso inicia-se na Corte Pequena e termina na Rocha da Galé, em frente ao Moinho dos Canais.
Pontos de interesse:
Peixes migradores — sável, saboga e lampreia — a primavera é a época dos peixes migradores, que sobem o rio em busca de locais para se reproduzirem.
Moinho dos Canais — O Moinho dos Canais tem o seu nome associado a uma arte de pesca artesanal praticada neste local, o caneiro (destinado a capturar lampreias).

PR3 Margens do Guadiana

Percurso linear de 10 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive moderado, exceto nas proximidades do rio, em que é acentuado. O piso é de terra batida. A duração estimada do percurso é de três horas e meia.
Este percurso inicia-se na povoação de Corte Gafo de Baixo e termina no Moinho dos Canais.
Pontos de interesse:
Contrabando — foi uma atividade que teve grande expressão nas regiões raianas, durante a Guerra Civil de Espanha e no período que lhe seguiu, até aos anos 60 do século XX. A dificuldade de obter alguns bens alimentares, café ou tabaco levaram as populações a envolverem-se nesta atividade ilegal. Uma das rotas de contrabando da região tinha início na povoação de Corte Gafo de Baixo, transpunha o Guadiana e seguia, depois por várias povoações até à localidade espanhola de Valverde del Camino. A viagem podia durar 3 ou 4 dias.
Morcegos — na área envolvente ao moinho dos Canais existe um abrigo de importância nacional de morcego-rato-grande, com mais de 300 reprodutores.
Matagais arborescentes de zimbro — No vale do Guadiana e dos seus principais afluentes a vegetação dominante sobreviveu ao arroteamento das terras e às campanhas do trigo. É uma zona de zimbros, arbusto cuja ficha pode consultar aqui.

PR4 À volta do montado

Percurso circular de 17 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive suave. O piso é de terra batida. A duração estimada do percurso é de 5 horas.
Este percurso inicia-se e termina no Monte do Guizo, passado pela albufeira da Tapada Grande, pela praia fluvial para uma merecida pausa e pela mina de São Domingos.
Pontos de interesse:
Montado — no Parque Natural Vale do Guadiana o montado é predominantemente de azinho (dominados pela azinheira), mais aberto e utilizado para a agricultura e pecuária, mas também existe o montado dominado pelo sobreiro, mais fechado para maximizar a produção de cortiça.
Mina de São Domingos — mesmo ao lado da praia fluvial da Tapada Grande fica este antigo complexo mineiro, abandonado em 1965.

PR5 Ribeira do Vascão

Percurso linear de 4,5 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive moderado. O piso é de terra batida. A duração estimada do percurso é de uma hora e 20 minutos.
Este percurso inicia-se no fontanário da aldeia de Mesquita, passa pela igreja de Nossa Senhora das Neves, ainda nesta aldeia e termina nas margens da ribeira do Vascão.
Pontos de interesse:
Ribeira do Vascão — com origem na Serra Algarvia, é o “habitat” o de várias espécies piscícolas do Parque. Tal fica-se a dever ao reduzido caudal, à pouca profundidade, a presença de zonas bem oxigenadas com alguma corrente e a ocorrência de fundos pedregosos.

PR6 Da estepe ao montado

Percurso circular de 11 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive suave. O piso é de terra batida. A duração estimada do percurso é de quase 3 horas.
Este percurso inicia-se na aldeia de Azinhal, uma área de fronteira entre o montado e de planície — as imediações da aldeia são o “habitat” perfeito para diversas espécies cinegéticas: javali, coelho, lebre e perdiz. Passa depois pela Azinheira Grande, através do ‘Campo Branco’, habitat, por exemplo das abetardas, pelas antigas minas da Balança e Monte da Balança, passagem pela aldeia da Corte Pequena. O percurso prossegue depois até ao Monte do Peso e Monte do Barbeiro, para terminar na aldeia do Azinhal. Caso possa, visite o Santuário de Nossa Senhora de Aracelis e já na EN 123 no regresso a Mértola uma subida à Serra de Alcaria Ruiva, o ponto mais elevado do concelho, para desfrutar de uma vista panorâmica. É o ponto ideal para a observação das aves de rapina que ocorrem no Parque Natural: o abutre-preto, a águia-imperial-ibérica, a águia-real e o grifo, para mencionar algumas.
Pontos de interesse:
Observação de Aves — Este percurso cruza duas Zonas de Proteção Especial para Aves.
A ZPE de Castro Verde é considerada a área mais importante em Portugal para a conservação da avifauna estepária. A ZPE do Vale do Guadiana é uma área importante para aves rupícolas como a águia de Bonelli, a cegonha-preta, o bufo-real ou a águia-real. Para descobrir todo o potencial ornitológico do concelho pode solicitar no Posto de Informação Turística um par de binóculos e aventurar-se num dos 5 percursos de observação propostos para a área do Parque Natural Vale do Guadiana.
Serra de Alcaria Ruiva — é o ponto mais elevado do concelho de Mértola, com 370 metros de altura. Apresenta uma cobertura vegetal densa, tipicamente mediterrânica.
Local ideal para a prática de parapente.
Ermida de Nossa Senhora de Aracelis — local de peregrinações anuais desde há muitos séculos. A romaria ocorre no último fim de semana de agosto, sendo frequentada por muitos agricultores para pedir um bom ano agrícola.
Minas da Balança | Faixa Piritosa Ibérica — mundialmente reconhecida pela sua riqueza em pirites (sulfuretos maciços vulcanogénicos).

PR7 Subida à Senhora do Amparo

Percurso circular de 3 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive moderado. O piso é de terra batida e cascalho. A duração estimada do percurso é de uma hora.
Este percurso inicia-se na base da Serra da Senhora do Amparo, passa pela respetiva ermida e regresso ao local de partida.
Pontos de interesse:
Capela da Senhora do Amparo
Ermida de São Barão — datada de finais do século XVII ou inícios do século XVIII.
Barragem dos Corvos — plano de água que pode ser avistado a partir do cume da Serra da Senhora do Amparo

PR8 Percurso ribeirinho

Percurso circular de 5 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade fácil e declive moderado. O piso é de terra batida. A duração estimada do percurso é de uma hora e 30 minutos.
Este percurso inicia-se e termina no moinho das Relíquias, acompanhando a margem esquerda da ribeira do Vascão até ao moinho do Alferes. Depois pode-se atravessar para a outra margem e fazer o percurso contrário.
Pontos de interesse:
Moinho do Alferes — secular moinho, funcionou até aos anos 60 do século XX. O moinho foi recuperado e utilizado pela Associação de Defesa do Património de Mértola para atividades de sensibilização ambiental.
Ribeira do Vascão — a pouca profundidade da ribeira e os fundos pedregosos são o “habitat” do saramugo. Pode-se também apreciar, neste percurso, o restauro ecológico das margens deste curso de água.

PR9 Das Escaldas ao Pulo do Lobo

Pulo do Lobo
Pulo do Lobo

Percurso circular de 5,5 km de extensão (ida e volta) de grau de dificuldade difícil e declive elevado. O piso é de terra batida e rocha. A duração estimada do percurso é de 3 horas.
Este percurso inicia-se e termina na Anta das Pias. Passa pela ribeira de Terges e Cobre, pelas ruínas da Casa do Moleiro do Moinho do Escalda, pelo moinho do Escalda propriamente dito e pelo Pulo do Lobo, ponto ideal para uma merecida pausa para admirar a paisagem.
Pontos de interesse:
Anta das Pias — monumento funerário datado do quarto milénio antes de Cristo.
Monte do Vento — propriedade agro-silvo-pastoril, classificada como Sítio de Interesse
Biológico, propriedade da Associação de Defesa do Património de Mértola.
Moinho do Escalda — Moinho de submersão situado na margem direita
do Guadiana, ao lado da foz da ribeira de Terges e Cobres
Pulo do Lobo — o local mais conhecido do Parque Natural do Vale do Guadiana. A queda de água tem cerca 16 metros de altura.

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